sexta-feira, outubro 29, 2010

Continuando a pensar nos duplos de que falei, aqui, ontem, concluí, agora, que os livros, as músicas, os filmes, as novelas, as esculturas, enfim, as criações artísticas, todas elas, são espécies de duplos humanos, que tentam produzir, através do que o filósofo Platão chamou de mimesis, o espelho da vida da gente.
E, pensei ainda, que para que a gente consiga usufruir de suas existências, a gente deva morrer no momento de estarmos junto a elas, para que elas nos penetrem e nos completem os espaços interiores com as suas presenças artísticas. Ao nos depararmos com uma obra de arte, só tem graça se dermos a ela o poder, esse poder de nos invadir e tomar o corpo. Se não fizermos isso, ela não funcionará. As obras artísticas funcionam como num matar e morrer de amor, bom leit@r. E é tudo de brincadeirinha, se liga.
Daí, que pode, realmente, ter sentido a lenda germânica de nossa morte ao ter-nos encontrado um duplo.
Isso me lembra o que já se pensou a respeito de Sherazade, personagem d’As Mil e Uma Noites, que para não morrer, mata, tomando as rédeas da narrativa dos contos eróticos que compõem a estória.
Fui.

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