sábado, outubro 02, 2010

Curti muito o enviesado sentido que o poema da Adélia Prado faz com os meus últimos posts sobre o fálico tema da leitura:

O Vestido

No armário do meu quarto escondo de tempo e traça
meu vestido estampado em fundo preto.
É de seda macia desenhada em campânulas vermelhas
à ponta de longas hastes delicadas.
Eu o quis com paixão e o vesti como um rito,
meu vestido de amante.
Ficou meu cheiro nele, meu sonho, meu corpo ido.
É só tocá-lo, volatiza-se a memória guardada:
eu estou no cinema e deixo que segurem a minha mão.
De tempo e traça meu vestido me guarda.


(Adélia Prado)


Quer, dizer, bom leit@r, o tempo da leitura e, por conseqüência, o tempo das palavras, é o tempo mágico da criação.
É fora daqui, onde as coisas podem morrer, ta se ligando?

Um comentário:

Lu Caruso disse...

É engraçado que eu eu lembro de como eu era antes de ler esse poema, e de como eu fiquei depois. Parecia que tinha caído uma cortina.
bjs