terça-feira, janeiro 04, 2011

Entretanto, para certa tradição do pensamento, porque não existe significação fora das palavras, os significados são confundidos com o ser das coisas e por isso, se dizer que a linguagem cria realidade. Mas, parece as palavras serem apenas um plus sobre a natureza das coisas, como borboletas espirituais no jardim da realidade.
A esse respeito, sobre significado e ser, achei no Investigações filosóficas de Wittgenstein:

“239. Como pode ele saber que cor escolher quando ouve vermelho? – Muito simples: ele disse tomar a cor cuja imagem lhe venha ao espírito ao ouvir a palavra. – Mas como pode saber qual a cor cuja imagem lhe vem ao espírito? É necessário ainda um outro critério? ( Há contudo um processo: escolher a cor que lhe vem ao espírito ao ouvir a palavra...)
‘Vermelho’ significa a cor que me vem ao espírito ao ouvir a palavra ‘vermelho’. - seria uma definição. Nenhuma explicação da essência da designação por meio de uma palavra.”

Ou ainda, nesse outro trecho, em que o ser do objeto se perde totalmente para a expressão:

“293. Quando digo de mim mesmo que sei o que significa a palavra ‘dor’ apenas a partir de um caso específico, - não devo também dizer isto de outros? E como generalizar um caso de modo tão irresponsável?
Ora, alguém me diz, a seu respeito, saber apenas a partir de seu próprio caso o que sejam dores! – Suponhamos que cada um tivesse uma caixa e que dentro dela houvesse algo que chamamos de ‘besouro’. Ninguém pode olhar dentro da caixa do outro; e cada um diz que sabe o que é um besouro apenas por olhar seu besouro. – Poderia ser que cada um tivesse algo diferente em sua caixa. Sim, poderíamos imaginar que uma tal coisa se modificasse continuamente. – Mas e se a palavra ‘besouro’ tivesse um uso para estas pessoas? – Neste caso, não seria o da designação de uma coisa. A coisa na caixa não pertence, de nenhum modo, ao jogo de linguagem nem mesmo como um algo: pois a caixa poderia também estar vazia. Não, por meio desta coisa na caixa, pode-se abreviar; seja o que for é suprimido.
Isto significa: quando se constrói a gramática da expressão da sensação segundo o modelo de objeto e designação, então o objeto cai fora da designação, como irrelevante.”


Um comentário:

Helizeti Ramos disse...

Luís, meu filho, ocê tá ficando cada dia mais não sei que. Deus é mais!