quinta-feira, maio 26, 2016

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Cinema Orly, 1999, narra a trajetória de um personagem gay que transita entre o seu cotidiano marcado por um emprego, as parcas relações familiares e os momentos de “pegação” no Cinema Orly, ambiente propicio às relações masculinas. Os dramas os preconceitos, a simulação de permissividade de um ambiente exclusivo para gays como forma de “limpar” das ruas os “dejetos humanos”, seres abjetos, e alocá- los todos num único lugar distante, e ao mesmo tempo próximo, das pessoas comuns: eis o cenário deste romance em que se flagra a todo instante cenas de interferência ou ruídos da subcultura gay, no momento de discutir as várias temáticas homoeróticas, sugeridas ao longo da narrativa, como a que se segue:

Para um homem, basta ter o seu pau crescido para dar a ideia de atividade. Se uma mulher está mamando essa piroca, então a piroca passa a ser passiva contra a atividade de uma boca responsável pelos estremecimentos de gozo do dito homem. Nós, os que chupávamos as pirocas na penumbra das fileiras das poltronas do cinema, eramos vistos como bichas passivas. O que, me parecia, acirrava a ideia da superioridade do homem macho. Essa superioridade masculina, a rudeza e violência com que os homens fodiam, fazia-me pensar no que há de mais delicado, exatamente, como a força violenta das águas produz eletricidade e a eletricidade produz luz, que não é um objeto, mas faz parte do mundo das coisas delicadas e nos é difícil saber de que material é feito seu corpo. É essa masculinidade que eu engolia, mergulhado entre as pernas do meu namorado .

Luiz Capucho – Cinema Orly.




Retirado de: http://seculodiario.com.br/blogs/phil/2015/10/19/fanzine-a-mosca/

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