sábado, maio 21, 2016

Eu sei que é meio idiota dizer assim de algo que todo mundo sabe, que todo mundo viu, um lance que ta aí, sem novidade e sem importância e tal. Mas, ontem à noite, tava uma lua deslumbrante aqui no meio de nosso vale, com um halo enorme em seu torno e com umas estrelas dentro. E tinha um funk vindo de um dos lados do morro, que era o lance mais lindo. Me recostei no muro pra ficar olhando as evoluções dele, embaixo da lua linda, na noite fria, as pererecas quicando na noite, entre os dois morros e tudo, a noite toda sexual, gritando vale afora e vale adentro de minha rua, cheia de pererecas quicando.

Então, eu disse pro Pedro que na primeira vez que ouvi funk, que não gostei, que vi que era uma música feita em casa, que não me envolvia em nada, um batuque, uma sacanagem na letra, uma melodia que era a repetição de um lamento e só. Mas depois, com o tempo, com o pessoal fazendo os bailes, aí, foi ficando um som cheio de detalhe, foi formando uma tradição de trabalhar o ritmo e foi pegando um embalo todo pirotecnico, colorindo o céu de nosso vale, ontem, com a lua coroando tudo. Aí, Pedro não disse nada, ficou na dele. E entramos.

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