quinta-feira, agosto 24, 2017

Eu não saberia falar das panelas que tenho no armário de cozinha, assim, como elas chegaram a se constituir ali, como elas se emaranharam nos seus gavetões. Mesmo que as minhas panelas sejam para que o animal que sou, possa funcionar, não passo o meu dia sabendo sobre elas, olhando para elas. Fico esquecido de suas existências como quem é esquecido do próprio dedão do pé. Então, eu não saberia falar objetivamente delas, de nada e de ninguém. Não sei falar nesse tom, ta ligado.
Eu sei que muitas vezes, em diferentes ocasiões, fiquei parado nelas. E uma dessas vezes eu já contei aqui. Foi quando mamãe a meu pedido, alugou um quarto pra gente viver. E no que eu comecei a sonhar, foi em ter panelas.
Hoje esse assunto é um assunto político e eu vejo as pessoas se perguntando onde estão os que bateram panelas nas janelas dos prédios. E aqui na minha comunidade-condomínio não rolou panelaço, porque embora eu more no terceiro e último andar de um prediozinho, aqui na rua e em meu vale não há conglomerado de edifícios.
Também me lembro que na minha convivência infantil com os meus amados primos, tinha uma coisa que sempre se repetia. De vez em quando me diziam de um jeito reprovativo:
- Você ta me tirando por você! – e, aí, eu tinha que pensar um pouco mais, porque eu tinha essa mania de tirar todos eles por mim. Porque eu sou o meu fundamento e é a partir desse meu fundamento é que eu entendia meus primos. É a partir dele que eu, como disse, às vezes, paro nas panelas.

É isso aí.

Nenhum comentário: